O dia mais longo….powered by João Almeida
Desde as 24H de Lisboa de 2008 que fiquei com vontade de experimentar a participação numa prova de 24H a solo.
Após as coisas não terem corrido muito bem em Coruche a decisão estava tomada, pois a experiência recolhida nessa prova permitiu-me pensar em concretizar esse objectivo.
Os meses anteriores às 24H deveriam ter sido de preparação intensa e treino para a prova, mas devido a compromissos profissionais a preparação resumiu-se a um grande passeio nocturno 15 dias antes da prova e as habituais maratonas e voltas de fim de semana.
Esse passeio nocturno feito com o pessoal do BTZ Mação (Chefe de fila, Agostinho e Almeida) e de Santarém (Lima, Tiago e Jorge) foi essencial em consciencializar-me de que era possível alcançar o objectivo a que me propus: pedalar 24H.
A preparação para o grande dia teve a colaboração essencial do João Almeida.
Sem ele nada disto teria sido possível, pois o seu aconselhamento na elaboração plano da prova e na nutrição foi inestimável.
Tal como no ano passado, na véspera da prova, fui com o José Carlos ajudar a montar o acampamento, dado que apesar de participar a solo iria ficar junto do pessoal de Samora Correia (José Carlos e José Pereira), do pessoal do Free Ride de Lisboa (Artur, João e Bruno) e do grupo de Santarém (com o Nuno Lima, o Jarbas, o Tozé Palma e o Rui).
No sábado de manhã ainda consegui efectuar o reconhecimento à parte inicial do percurso, que era aquela que apresentava mais novidades, e logo deu para ver que o percurso seria mais difícil que o ano anterior, pois tinha uma incursão para uma zona perto da prisão de Monsanto e dois a singletracks, um a subir e outro a descer que metiam respeito. Adicionalmente o calor seria um dos maiores inimigos.
Sábado:
Com o aproximar das 12h aproximava-se o grande momento.
De forma deliberada fiquei na parte de trás do pelotão à partida, de forma a fazer as primeiras voltas de forma calma e a tentar encontrar o meu ritmo, sem entrar em loucuras.
A primeira volta foi a mais complicada, dado que o grande grupo seguia ainda de forma compacta, o que levou a que no 1º singletrack a subir o pessoal desmontasse.
Depois desse primeiro engarrafamento foi sempre a andar, mesmo nos singletracks seguintes.
As voltas do primeiro turno acabaram por ser feitas a um ritmo forte (para mim, pois a cada 3 voltas era dobrado pelo Ricardo Melo, crónico vencedor deste tipo de prova), pois tentava manter o plano de corrida inicialmente feito. Foi um erro, mas estava lá para aprender.
Esse ritmo acabou por ter 2 resultados: por um lado desgastou-me mais do que seria aconselhável para a primeira parte da prova, mas por outro deixou-me bem classificado face à concorrência directa (qualquer que ela fosse).
Outro factor determinante no meu desempenho foi o calor, ao qual não estava habituado, e que ajudou ao desgaste.
Neste 1º turno era impressionante o ritmo a que o pessoal que fazia a prova em equipa conseguiam impor. Muitas vezes tínhamos de nos desviar de alguns deles que iam fortíssimos.
Após o 1º turno de 9 voltas, optei por descansar um pouco, para retemperar forças, aproveitar as massagens do Mário Gamito (que foram novamente essenciais), tomar banho e montar o kit de luzes para a noite.
Eu no 1º turno de sábado, bastante concentrado
Turno da Noite:
O Morcego apanhado à noite....
O turno da noite começou por volta das 22h, e com um ritmo mais moderado, cumprindo com o plano de prova.
O percurso era mais difícil tecnicamente e fisicamente que o do ano passado e durante a noite foram os singletracks a descer (parte técnica) que maiores dificuldades colocaram, pois o primeiro era bastante complicado, com imensas raízes, drops e crateras que tínhamos de ultrapassar, de preferência sem ir ao tapete.
Este ano como tinha poucos km’s feitos à noite pedi um kit extra de luzes emprestado, pois toda a ajuda era pouca, mas mesmo assim foi bastante difícil rodar à noite.
Ainda assim foi no turno da noite que progredi mais na classificação, pois parte significativa dos participantes a solo fazem aquilo que é mais lógico e racional, vão dormir.
No final da 3ª volta à noite, as coisas começaram a correr não muito bem, pois sentia-me bastante cansado. Sono não tinha, nem podia ter...era mesmo cansaço.
Mas estava encostado às cordas, pelo que à 5ª volta nocturna optei por parar, para descansar, comer qualquer coisa e aproveitar as massagens para tentar ressuscitar para a manhã.
As massagens foram essenciais, pois desta vez não estava lá ninguém pelo que o Mário Gamito pode dedicar mais tempo ao tratamento das minhas pernas.
Nuno Lima num dos singletracks, sempre com andamento fortíssimo
Domingo:
O domingo amanheceu de forma estranha com o céu bastante nublado, mas ao contrário do tempo eu estava bastante melhor, pelo que voltei ao activo.
Comecei a rodar num ritmo calmo, para ver como estava e como seria o resto da prova, pois ainda faltavam umas horas.
Ainda na 1ª volta apanhei a boleia da Campeã Nacional de BTT Sandra Araújo e da Filipa Queirós (jovem esperança do ciclismo e btt nacional).
Elas iam num ritmo agradável pelo seguimos juntos, embora nas descidas técnicas tivesse alguma dificuldade em segui-las, pois elas tecnicamente são bastante fortes.
No final da 2ª volta da parte da manhã começou a chover, o que me deixou apreensivo, dado que o terreno ficou enlameado de forma muito rápida, o que dificultava a progressão. Na última descida antes do parque de campismo passou um gajo por mim que não se partiu todo por um triz, pois a roda de trás passou por uns momentos pela roda da frente, mas não chegou a cair.
Na sequência desses eventos optei por parar por volta das 10h da manhã, a 2 horas do final. O importante era salvaguardar a minha integridade física, dado que não é no btt que eu ganho a vida.
O balanço final desta 1ª participação a solo foi bastante positiva, pois aprendi muitas coisas acerca do que são 24H de btt e que poderão ser muito úteis em possíveis participações futuras (caso opte por fazer essa loucura).
Em termos de classificação terminei em 18º lugar em cerca de 130 participantes a solo, com 234 km’s, o que não foi nada mau.
O percurso deste ano tinha algumas diferenças face a 2008, com maior dificuldade técnica e física, dado que meteram dois singletracks um bocado complicados, mas em compensação tiraram a parte das escadas perto do Restaurante da Luneta dos Quartéis. No essencial era um percurso de XC, um pouco mais longo do que o habitual, e sem aquelas subidas muito longas e inclinadas, dado que se trata de uma prova de resistência, se bem que a dureza dos percursos somos nós que a fazemos, com o ritmo que impomos.
Jarbas na parte nocturna da prova
Gostava de deixar os agradecimentos habituais ao pessoal do BTZ Mação e de Santarém pelo apoio dado, ao pessoal da Bikezone Santarém por serem mais do que os meus “dealers” e pelas luzes, ao João Almeida por ter sido um “coach” e “druida” de alto nível dado que levou a coisa tão a sério como se fosse ele a participar, ao pessoal que compartilhou o acampamento comigo (acima indicados) pelo apoio e encorajamento que foram dando ao longo da prova e à família do Jarbas pelo belo almoço de domingo.
Finalmente gostava de dedicar a minha prestação nesta prova ao Tutu e à Nê, que muita inspiração e força me têm dado nos últimos meses.
1 comentário:
Este homem só podia ter as suas raízes no concelho de Mação!
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