quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Nocturno Mação Total - 27 de Junho


A partir de agora férias…

Uma vez mais o Sr. Victor (o mais recente reforço do BTZ Mação) e a Associação de Chão de Codes resolveram inovar no panorama do BTT em Mação.
Este ano optaram por abandonar o formato do Duatlo Radical do Bando e organizar o primeiro passeio de btt nocturno em Mação, integrado no Mação Total 2009.


Sr. Vítor no briefing inicial aos participantes

A convite da organização, o BTZ foi participou neste evento através da presença de 2 guias (eu e Filipe), um reforço (Sr. Victor) e mais 2 atletas (Anita e Eduardo).


Chefe de Fila no início do passeio, à saída do recinto do Mação Total

Eduardo no início do passeio

O percurso seleccionado, com cerca de 40 km’s, incluía uma fase inicial de 9 km’s em alcatrão entre Mação e Chão de Codes, ainda de dia, onde se iniciaria a subida ao Bando de Codes.


O grande Armando Chamusco, figura cimeira do btt abrantino e arredores

A subida tinha algumas diferenças face ao que foi efectuado em Abril, aquando da Rota da Água e era mesmo inédita nalgumas partes, o que permitiu conhecer mais alguns trilhos e ver alguns tralhos, de pessoal mais afoito que achava que andar de noite é a mesma coisa que de dia.


Sr. Vítor a prevaricar, felizmente que a GNR ia à frente

Na subida começou a anoitecer, pelo que quando chegámos praticamente ao final da subida, onde se situava estava o abastecimento já era noite cerrada.


Eu e o Eduardo na longa subida ao Bando de Codes

Uma vez mais Chamusco, que nunca é demais destacar, desta vez a brilhar nas subidas

S. Vítor em plena subida

Filipe fortíssimo nas subidas


Depois do abastecimento seguia-se a descida até ao Pereiro. O início foi bastante complicado, dado que a descida tem ainda bastante pedra solta, que dificultava a tarefa dos participantes, principalmente para quem tinha piores luzes.

Chefe de Fila a chegar ao abastecimento no alto do Bando de Codes

Anita, acompanhada por 2 vultos sinistros, no baptismo que representa subir um dos Bandos de Btt

Aspecto da zona de abastecimento

Aspecto do abastecimento propriamente dito, com o Sr. Vítor a aproveitar para por a conversa em dia

2 dos guias BTZ do passeio: Sr. Vítor e eu


Após algumas paragens para agrupamento do grupo, seguimos para o Pereiro e depois para as Casas da Ribeira onde subimos por alcatrão para o Alto da Caldeirinha. Aqui resolvi fazer algum corta-mato, pelo que chegámos à zona do Vale Rato antes do grupo da frente.
Na subida para a zona do recinto da Feira deu-se o reagrupamento pelo que chegámos todos juntos ao final.

Sr. Vítor na chegada ao final

Após o merecido banho, tivemos o jantar em São Miguel com porco no espeto para todos…

Aí está ele, o jantar...

Com esta crónica chega do fim o relato de algumas das actividades do BTZ Mação efectuadas antes do Verão.

Momento do dia/noite:

Depois dos bidons, das garrafas e do Camelbak, verificámos a estreia em Mação do novo sistema de hidratação de atletas: Sagresbak.
Este sistema ainda vai dar que falar... eu já encomendei um...


Após o merecido período de férias, voltaremos (para a semana)...

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Geo-Raid – 20 e 21 de Junho - Serra da Estrela

A essência do BTT

Preliminares:


Uma semana depois das 24H e em vez de ficar a descansar, resolvi aceitar o desafio do José Carlos para fazer companhia ao Sérgio e Zé Pereira. Pelo menos fora da prova, que aí não os veríamos de certeza.
Os preparativos para a prova apenas abarcaram a parte nutricional, uma vez mais com a supervisão do João Almeida, pois ao nível do treino específico não havia nada a fazer.

A ideia de participar no Geo-Raid há muito tempo que havia sido lançada pelo João Almeida, que é um “fanático” das provas de resistência, mas por dificuldades de agenda não tinha ainda sido concretizada. No entanto, e devido uma vez mais a problemas de disponibilidade, fiz equipa com o José Carlos.


Dia 1 Sábado: o dia da adopção

Na véspera durante o briefing ficámos a saber que a etapa seria encurtada em cerca de 20 km’s (tendo sido retirada a parte entre Jogo da Bola e Linhares da Beira) devido essencialmente ao calor que se faria sentir.
Desse briefing também recordo a afirmação do António Malvar, com aquela boa-disposição que o caracteriza, que aquela era uma prova de gps. Esse comentário motivou um gracejo de contentamento de um participante, pois no dia seguinte não necessitava de pedalar, dado que gps faria tudo.

Dado que o meu companheiro de equipa já tem alguma idade, se bem que não se note muito quando chega à hora de pedalar, partimos mais cedo que a generalidade dos participantes, devido ao sistema de bonificação pela idade. Houve alguns participantes que argumentaram que seria mais justo um sistema de bonificação tendo em conta o peso e não a idade.
Aspecto da 1ª descida do dia, onde abundava a pedra

Os primeiros km’s foram em alcatrão, a subir das Penhas da Saúde para Piornos, no entanto antes de lá chegarmos entrávamos finalmente em trilho. A partir dali a tendência seria descendente, desde a Malhada Alta até Gavião e depois até à zona de Manteigas (São Gabriel).
O terreno ao início era complicado dado que tinha imensa pedra solta e não só, que dificultava a progressão e que me fez desmontar um bom par de vezes, devido a algumas zonas mais técnicas em que preferi não arriscar uma queda que comprometesse o fim-de-semana.
Nesta fase começaram a passar por nós algumas equipas que já levavam um andamento bastante razoável, pelo menos a descer.
A aproximação à zona de Manteigas

A descida da zona do Gavião até São Gabriel foi espectacular, uma das mais porreiras que fiz nos últimos tempos, com vários cotovelos de 180 graus a obrigar a ter alguma atenção ao que íamos a fazer e sempre dentro de floresta.
A descida para São Gabriel

No final da descida, vinha a habitual subida, para a zona da Mata de São Lourenço, com cerca de 6 km’s.
Nesta parte do percurso começamos a ser ultrapassados pelo grande pelotão que agrupava as equipas que haviam partido sem bonificação. O meu ritmo era como de costume relativamente baixo face à concorrência.
Algumas vezes o José Carlos seguia na roda daquele pessoal, mas quando olhava para trás e via que eu não conseguia seguir com eles, baixava o ritmo e esperava por mim.
Tive pena de ainda estar bastante desgastado das 24H e desta forma não conseguir ser um bom companheiro de equipa para o José Carlos, que merecia bastante melhor.
Esta subida custou-me imenso, o que me deixava apreensivo para o que ainda faltava daquele dia e do seguinte.

Na zona do Covão da Ponte, conseguimos rolar mais próximo do grande pelotão, dado que tínhamos entrado numa fase a descer, para o Rio Mondego, embora o pó fosse muito e dificultasse a visibilidade mesmo com óculos.
Tal como o Chamusco o meu forte era a descer, pelo que aproveitava sempre para reduzir a diferença para o resto da concorrência (qualquer que ela fosse).

Numa dessas descidas, ao km 34, já muito perto da Senhora do Assedasse, o José Carlos deu uma queda bastante grande. Dado que seguia na frente dele, não me apercebi, mas estranhei à entrada de uma pequena subida que ele demorasse tanto tempo a apanhar-me.
Depois outro participante disse que ele tinha caído, pelo que voltei para trás para ver como ele se encontrava. O panorama que encontrei não era muito famoso, dado que ele tinha caído devido a um rego que existia bem no meio do estradão, mas que se encontrava coberto de erva e dessa forma não era visível.
A Sra. da Assedasse

Senti-me um bocado responsável pela queda dele, pois o facto de forçar um bocado nas descidas levava a que ele tivesse de arriscar um bocado mais do que seria normal.
Apesar da teimosia do José Carlos em continuar, era evidente que ele não tinha hipótese de o fazer, dado que tinha caído sobre o ombro direito e era bem provável que tivesse algum problema relacionado com a clavícula.
Felizmente estavam por perto umas pessoas que se encontravam a dar apoio às equipas da Tangerina (a quem gostava de agradecer) que se prontificaram em levar o José Carlos até à organização para que pudesse ser direccionado para o hospital mais próximo.

A nossa participação no Geo-Raid como equipa tinha chegado ao fim, mas incitado também por ele resolvi seguir sozinho, apesar de não contar para nada. Não gosto de deixar as coisas a meio.
Os km’s seguintes foram bastante complicados, pois continuava a ter bastante dificuldade nas subidas e não conseguia encontrar o meu ritmo.

Já perto do Jogo da Bola encontrei um grupo de 3 participantes, que estava parado na berma do estradão.
Dois estavam em equipa, e o 3º elemento estava na mesma situação que eu.
Eles fizeram questão que seguisse com eles, pois em grupo era mais fácil fazer a prova que a solo, até porque o calor começava a apertar.
De certa forma o Nuno Rama e o Rui Fonseca acabaram por adoptar mais dois participantes para a equipa deles, eu e o Ricardo Santos.
O Rui em plena prova

Na passagem do Jogo da Bola parámos para reabastecer de água que a organização disponibilizava e seguimos para aquele que era o momento que eu mais temia, a subida à Santinha.
Até à entrada da subida para a Santinha seguimos num ritmo calmo, com uma paragem para reabastecimento alimentar, a admirar a paisagem que podíamos vislumbrar para a zona do Folgosinho e a conversar um pouco, pois convém que os pais adoptivos conheçam melhor os filhos.

A Santinha é uma subida apenas acessível por trilho, com perto de 4 km’s terríveis.
O início é feito numa zona florestal com bastante sombra, e piso regular. Depois de passarmos numa pequena fonte, com água sempre fresca (para não dizer gelada) o terreno começa a degradar-se com o efeito da água das chuvas a tornar o piso bastante irregular, com regos bastante profundos e uma inclinação que não facilita nada. Como conhecia esta subida da Rota das Aldeias Históricas segui num ritmo calmo, mas ainda assim no grupo em que ia não ia muito pessoal à minha frente. Na parte final da subida, perto dos 1600 metros de altitude o terreno fica inóspito, sem qualquer vegetação, pelo que o sol começou a fazer dano, pois estava um calor terrível.
O Nuno também em excelente andamento

Na Santinha só existia uma sombra, que foi rapidamente tomada de assalto pelo pessoal que resolvia parar para recuperar o fôlego e ver a paisagem que é belíssima.
Aproveitei, juntamente com o Ricardo, para comer e beber qualquer coisa, enquanto esperávamos pelo pais Nuno e Rui.
A cumeada da Santinha é espectacular, dado que circulamos num estradão largo, com umas descidas com pedra solta mas rápidas, que permitem ganhar velocidade.
Junto à estrada das Penhas Douradas para Seia, apanhámos outro estradão, com algumas partes bastante difíceis (pela inclinação de algumas subidas) que nos haveria de levar à estrada para a Observatório das Penhas Douradas.
A cumeada da Santinha

No Observatório começámos a descida para Manteigas, num estradão espectacular, uma vez mais com floresta, muito pó, e cotovelos consecutivos de 180 graus.
Depois de cruzarmos a estrada de alcatrão a descida era em calçada, simplesmente brutal, pela velocidade e inclinação.

A descida em calçada para Manteigas

A chegada a Manteigas só significava uma coisa, faltavam 15 km’s para o final, e quase sempre a subir. Esta subida já era minha conhecida, pois em Abril havíamos feito uma incursão nesta zona, mas em alcatrão.
Nesta fase a temperatura rondava os 40 graus centígrados, pois o Vale Glaciar parecia um gigantesco forno. No início da subida, em estradão do lado contrário da estrada alcatroada, seguimos juntamente com mais pessoal que ia também de rastos como nós, sendo que sempre que víamos uma sombra aproveitávamos para parar um pouco e agrupar o grupo.


O Zêzere no Vale Glaciar de Manteigas

Já relativamente perto da passagem para o alcatrão, ao olhar para trás, comecei a ver o Ricardo Melo (vencedor das 24H) a subir a grande velocidade e pensei que ele ia fortíssimo. Uns metros mais adiante voltei a olhar para trás e ele já estava quase a ultrapassar-me. Lembro-me de ter pensado que a mulher dele (com quem ele faz equipa) não podia ir naquele ritmo infernal (dado que tinha passado por eles na subida da Santinha). A explicação veio logo a seguir, pois ao passarem por mim fortíssimos, verifiquei a existência de um elástico preso do selim dele para o guiador da bike dela. Segui uns 500 metros na roda deles, e a pensar que não seria melhor perguntar se havia espaço para mais um.
Mas pela cara de chateado que ele levava, achei melhor ficar calado e esperar pelos meus pais adoptivos.

Antes de passarmos para o alcatrão existia uma piscina natural no Zêzere, onde estava pessoal a tomar banho, ainda ficámos naquela do vamos ao banho ou não. Mas como grandes atletas que somos, prosseguimos a pedalar, pois não estávamos no triatlo.
A parte de alcatrão não foi mais fácil, pois o calor não dava tréguas, pelo que aproveitámos todas as pequenas fontes de água para nos refrescarmos.
Já perto do final o José Carlos passou por mim, não montado na bike, mas sim numa viatura da organização, e ainda deu um incentivo.
Após a Fonte da Jonja fomos brindados pela visita de moscas, que eram chatas como o caraças e que ainda dificultavam mais a progressão. A única coisa que nos servia de consolação era o facto de estarmos muito perto do fim da primeira etapa.
A chegada a Piornos marcou o final das dificuldades daquele dia, pois agora era sempre a descer até às Penhas da Saúde.

O final da etapa foi para mim um momento de grande felicidade, porque:
- foi o final do suplício;
- permitiu-me inteirar sobre o estado do José Carlos (que felizmente não era tão grave quanto se supunha);
- permitiu-me resolver um mistério que me intrigava, dado que o Sérgio e o Zé Pereira não tinham passado por mim, devido a terem-se perdido numa zona onde o percurso dos dois dias se cruzava;
- pude finalmente descansar.


Dia 2 Domingo: a tortura nunca mais acaba……

Neste segundo dia de prova ganhei mais algum conhecimento sobre o que significa masoquismo.
Apesar do convite dos meus pais adoptivos, no 2º dia fiz a prova com o Sérgio e o Zé Pereira, pois eles também já estavam fora da competição, porque necessitavam de um “guia espiritual” para não se perderem, porque pedalávamos em grupo, o que é importante neste tipo de prova.
Tive pena de não seguir com o Nuno, o Rui e o Ricardo, mas para ficar com uns amigos temos de prescindir da companhia de outras.

Desta vez resolvemos inovar pelo que fomos os últimos a partir, o que nos permitiu circular com a bike vassoura durante os primeiros km’s de prova.
Depois de descermos na direcção da Covilhã em alcatrão, cortámos para o trilho junto às curvas que nos levam ao Sanatório.
A descida até à zona da Pedra da Mesa foi porreira, com bastante pedra solta. Depois fomos sempre a meia encosta, ou a descer suavemente até à zona do parque de campismo, onde cruzámos a estrada e seguimos pela zona das Sete Fontes, sempre a descer para a Aldeia do Carvalho.

A partir desta aldeia é que começaram as dificuldades, pois iniciámos uma subida em alcatrão, que depois passou a trilho que parecia interminável.
Foram cerca de 7 km’s até ao Caramouço Cimeiro, onde começamos a longa descida até Verdelhos. Esta descida parecia as de Mação com estradões largos e com bom piso, onde era possível ir sempre a abrir.

Uma das descidas do dia

Em Verdelhos seguimos para a Contenda, com uma subida curta mais chata e depois nova descida para Vale da Amoreira.
Nesta aldeia começamos uma escalada de 11 km’s, felizmente quase sempre com um declive não muito acentuado, tirando alguns troços mais chatos.
Esta subida foi impressionante, dado que a determinada altura voltávamos a ver Vale da Amoreira perdida no fundo do vale, enquanto nós seguíamos já a uma altitude bastante significativa. Felizmente esta parte era sempre em floresta, o que nos resguardava do sol. Aqui parecia estar naquela onda do recordar é viver, pois aqual zona só me fazia lembrar a minha infância em Mação, com os pinhais, estradões e calor.

A subida para Quinta do Fragusto. Mesmo a fazer lembrar Mação

O Zé Pereira e o Sérgio apanharam uma seca do caraças nesta etapa, dado que eles têm um andamento bastante superior ao meu, e no dia anterior acabaram por não fazer a etapa completa, pelo que tinham de estar quase sempre á minha espera. Excepto nas descidas, que era onde eu estava fortíssimo.Depois da Quinta do Fragusto entrámos numa zona de planalto, onde seguimos durante alguns km’s novamente em floresta, uma vez mais a fazer lembrar Mação.


Assim vale a pena...

Um pouco mais à frente encontrei a minha família adoptiva, pois o Nuno, o Rui e o Ricardo seguiam de forma tranquila. Apesar disso ainda demorei bastante tempo desde que os comecei a ver até apanhá-los.
Nesta parte do percurso começamos a longa descida até São Gabriel (na zona de Manteigas). Esta descida tinha uma primeira parte em estradão onde se atingiam velocidades vertiginosas e depois entrávamos na mata de São Lourenço.

A Mata de São Lourenço

Esta parte foi espectacular, pois seguíamos num bosque denso, com o chão cheio de folhas das árvores. Aqui ainda nos conseguimos perder, pois dois caminhos seguiam paralelos a meia encosta, separados por 20 metros. Depois de voltarmos ao trilho correcto, foi sempre a descer até São Gabriel. Esta parte foi muito mais fácil que no dia anterior, que foi feita em sentido inverso.
Em São Gabriel parámos para abastecer de água e começar a longa ascensão final.

A subida final...

O início desta subida final em Leandres era terrível, primeiro em alcatrão e depois em trilho (praticamente singletrack), felizmente era à sombra.
Esta subida foi inesquecível, e só me lembrava de 2 coisas:
- do Venceslau Fernandes a gritar para a filha: Vai Vanessa, Vai Vanessa, agora é sofrer até ao fim…
- que pena não fazer esta subida em boa forma, para poder desfrutar da dureza do percurso.

Mais uma foto da subida final

Nesta parte só pensava que daria imenso jeito que esta prova fosse mesmo de gps, pois pedalar era bastante penoso para mim. Em vez disso o gps parecia indicar sempre os mesmos km’s para o final. 15 minutos depois de ter verificado a distância para o final apenas tinha andado uns 300 ou 400 metros. Terrível.
Este 2º dia acabou por ser o mais complicado, pois a quilometragem acabou por ser semelhante à do 1º dia, pelo desnível acumulado que foi superior, pelo desgaste acumulado e pelo calor que continuava a apertar.

Aqui já a coisa era mais fácil

Para facilitar um pouco a subida, perto do Poço do Inferno, o piso era agora de alcatrão, mas que se acabou junto da Mata das Teixeiras.
Esta zona tinha um nome curioso, pois a partir daqui não havia vegetação, só desolação, o sol e um piso com imensa areia solta que dificultava a progressão.

A subida praticamente acabava na zona do Alto da Portela, onde apanhávamos um estradão que nos levaria para a Malhada Alta. Nesta parte a subida era bastante mais suave.
Até Piornos ainda subimos mais um pouco, e depois fomos, tal como na véspera, novamente atacados pelas moscas, que eram incomodativas como o c######.
Finalmente foi descer até Penhas da Saúde, tirar os sapatos de encaixe, comer qualquer coisa e DESCANSAR AT LAST!!!!!

Pouco tempo depois chegava a minha família adoptiva, mesmo sob o fecho do controlo, pelo que o Nuno e o Rui vão para a Lousã lutar pelo Jersey de finishers do Geo-raid, que bem merecem.


Balanço Final, agradecimentos, etc…

Desta vez começo pelos agradecimentos que são já um hábito destas crónicas.
O primeiro agradecimento vai para o José Carlos, pelo convite e pelo desafio que me lançou. Tive pena de não ter correspondido às expectativas que foram depositadas em mim e de ter sido um verdadeiro quebra-ritmo para ele. Infelizmente esta participação foi marcada pela queda que ele deu. Felizmente foi menos grave do que se suponha.

O segundo agradecimento é para o Tiago Nunes que me emprestou o GPS para que pudesse participar nesta prova e para o João Almeida pelo aconselhamento técnico e nutricional.

Depois os agradecimentos ao pessoal da prova.
Aos elementos da equipa Tangerina que apoiaram o José Carlos logo após a queda e que me permitiram continuar em prova.
Ao Sérgio e ao Zé Pereira, por terem feito babysitting no 2º dia de prova, pois apesar de terem um andamento muito forte, foram sempre a fazer-me companhia, tentando atenuar as minhas dificuldades. Não tenho palavras para descrever o meu agradecimento, pois nas subidas mais complicadas vocês foram muito importantes em eu ter conseguido chegar ao final.

Finalmente o agradecimento aos pais adoptivos Rui e Nuno e ao irmão Ricardo, que no primeiro dia de forma totalmente desinteressada me apoiaram e me ajudaram a superar as dificuldades. Sem eles também provavelmente não teria chegado ao final.
Gosto de pensar que também eu os ajudei a superar os seus limites e a cumprir a etapa. Foi esse espírito de entreajuda que mais me impressionou neles e que também passou para mim e para o Ricardo.
Eles têm a minha profunda admiração e espero que consigam o tão ambicionado Jersey de Finisher em Outubro.


O balanço final desta participação no Geo-Raid não pode ser considerado positivo, pois devido à minha fraca condição física, tornou-se bastante penoso lidar com o desgaste acumulado das 24H e dos dois dias de prova.
Mas o maior problema acabou por ser a queda do José Carlos.

No entanto há aspectos bastante positivos desta participação.
O primeiro é o facto de ter feito mais alguns amigos, que têm o verdadeiro espírito do btt.
O segundo é o de ter conseguido completar as duas etapas (se bem que com algumas, para não dizer muitas, dificuldades).
O terceiro aspecto a destacar é o de ter conhecido de forma bastante mais profunda a Serra da Estrela. Pudemos passar em locais, e ver paisagens fabulosas, que de outra forma dificilmente poderíamos conhecer. A Serra da Estrela é muito mais do que as Penhas da Saúde, a Torre, etc, tem outros locais menos conhecidos mas espectaculares, seja para fazer btt, seja para outras actividades relacionadas com o turismo de aventura.

Quando se faz o balanço do Geo-raid temos de ter em atenção que o valor da inscrição é elevado para aquilo que nos é proporcionado em termos materiais (quando comparado com outras maratonas e não inclui alojamento e alimentação), mas é largamente compensado pela componente imaterial, pois não nos podemos esquecer da componente de partilha de espaços e locais que a organização nos proporciona.
Penso que este tipo de prova é a essência do BTT, o partir à descoberta de novos trilhos em zonas espectaculares, partilhar com os amigos essa descoberta.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

24H Monsanto – 13 e 14 de Junho



O dia mais longo….powered by João Almeida

Desde as 24H de Lisboa de 2008 que fiquei com vontade de experimentar a participação numa prova de 24H a solo.
Após as coisas não terem corrido muito bem em Coruche a decisão estava tomada, pois a experiência recolhida nessa prova permitiu-me pensar em concretizar esse objectivo.

Os meses anteriores às 24H deveriam ter sido de preparação intensa e treino para a prova, mas devido a compromissos profissionais a preparação resumiu-se a um grande passeio nocturno 15 dias antes da prova e as habituais maratonas e voltas de fim de semana.
Esse passeio nocturno feito com o pessoal do BTZ Mação (Chefe de fila, Agostinho e Almeida) e de Santarém (Lima, Tiago e Jorge) foi essencial em consciencializar-me de que era possível alcançar o objectivo a que me propus: pedalar 24H.

A preparação para o grande dia teve a colaboração essencial do João Almeida.
Sem ele nada disto teria sido possível, pois o seu aconselhamento na elaboração plano da prova e na nutrição foi inestimável.

Tal como no ano passado, na véspera da prova, fui com o José Carlos ajudar a montar o acampamento, dado que apesar de participar a solo iria ficar junto do pessoal de Samora Correia (José Carlos e José Pereira), do pessoal do Free Ride de Lisboa (Artur, João e Bruno) e do grupo de Santarém (com o Nuno Lima, o Jarbas, o Tozé Palma e o Rui).

No sábado de manhã ainda consegui efectuar o reconhecimento à parte inicial do percurso, que era aquela que apresentava mais novidades, e logo deu para ver que o percurso seria mais difícil que o ano anterior, pois tinha uma incursão para uma zona perto da prisão de Monsanto e dois a singletracks, um a subir e outro a descer que metiam respeito. Adicionalmente o calor seria um dos maiores inimigos.


Sábado:

Com o aproximar das 12h aproximava-se o grande momento.
De forma deliberada fiquei na parte de trás do pelotão à partida, de forma a fazer as primeiras voltas de forma calma e a tentar encontrar o meu ritmo, sem entrar em loucuras.
A primeira volta foi a mais complicada, dado que o grande grupo seguia ainda de forma compacta, o que levou a que no 1º singletrack a subir o pessoal desmontasse.
Depois desse primeiro engarrafamento foi sempre a andar, mesmo nos singletracks seguintes.


Zé Pereira na 1ª fase do percurso, sempre fortíssimo

As voltas do primeiro turno acabaram por ser feitas a um ritmo forte (para mim, pois a cada 3 voltas era dobrado pelo Ricardo Melo, crónico vencedor deste tipo de prova), pois tentava manter o plano de corrida inicialmente feito. Foi um erro, mas estava lá para aprender.
Esse ritmo acabou por ter 2 resultados: por um lado desgastou-me mais do que seria aconselhável para a primeira parte da prova, mas por outro deixou-me bem classificado face à concorrência directa (qualquer que ela fosse).
Outro factor determinante no meu desempenho foi o calor, ao qual não estava habituado, e que ajudou ao desgaste.
João do pessoal do Free Ride, que beneficiaram bastante do conhecimento dos trilhos de Monsanto

Neste 1º turno era impressionante o ritmo a que o pessoal que fazia a prova em equipa conseguiam impor. Muitas vezes tínhamos de nos desviar de alguns deles que iam fortíssimos.
Após o 1º turno de 9 voltas, optei por descansar um pouco, para retemperar forças, aproveitar as massagens do Mário Gamito (que foram novamente essenciais), tomar banho e montar o kit de luzes para a noite.


Eu no 1º turno de sábado, bastante concentrado

Turno da Noite:


O Morcego apanhado à noite....

O turno da noite começou por volta das 22h, e com um ritmo mais moderado, cumprindo com o plano de prova.
O percurso era mais difícil tecnicamente e fisicamente que o do ano passado e durante a noite foram os singletracks a descer (parte técnica) que maiores dificuldades colocaram, pois o primeiro era bastante complicado, com imensas raízes, drops e crateras que tínhamos de ultrapassar, de preferência sem ir ao tapete.
Este ano como tinha poucos km’s feitos à noite pedi um kit extra de luzes emprestado, pois toda a ajuda era pouca, mas mesmo assim foi bastante difícil rodar à noite.
Ainda assim foi no turno da noite que progredi mais na classificação, pois parte significativa dos participantes a solo fazem aquilo que é mais lógico e racional, vão dormir.
No final da 3ª volta à noite, as coisas começaram a correr não muito bem, pois sentia-me bastante cansado. Sono não tinha, nem podia ter...era mesmo cansaço.
Mas estava encostado às cordas, pelo que à 5ª volta nocturna optei por parar, para descansar, comer qualquer coisa e aproveitar as massagens para tentar ressuscitar para a manhã.
As massagens foram essenciais, pois desta vez não estava lá ninguém pelo que o Mário Gamito pode dedicar mais tempo ao tratamento das minhas pernas.

Nuno Lima num dos singletracks, sempre com andamento fortíssimo

Domingo:

O domingo amanheceu de forma estranha com o céu bastante nublado, mas ao contrário do tempo eu estava bastante melhor, pelo que voltei ao activo.
Comecei a rodar num ritmo calmo, para ver como estava e como seria o resto da prova, pois ainda faltavam umas horas.


Ainda na 1ª volta apanhei a boleia da Campeã Nacional de BTT Sandra Araújo e da Filipa Queirós (jovem esperança do ciclismo e btt nacional).
Elas iam num ritmo agradável pelo seguimos juntos, embora nas descidas técnicas tivesse alguma dificuldade em segui-las, pois elas tecnicamente são bastante fortes.
No final da 2ª volta da parte da manhã começou a chover, o que me deixou apreensivo, dado que o terreno ficou enlameado de forma muito rápida, o que dificultava a progressão. Na última descida antes do parque de campismo passou um gajo por mim que não se partiu todo por um triz, pois a roda de trás passou por uns momentos pela roda da frente, mas não chegou a cair.
Na sequência desses eventos optei por parar por volta das 10h da manhã, a 2 horas do final. O importante era salvaguardar a minha integridade física, dado que não é no btt que eu ganho a vida.

O balanço final desta 1ª participação a solo foi bastante positiva, pois aprendi muitas coisas acerca do que são 24H de btt e que poderão ser muito úteis em possíveis participações futuras (caso opte por fazer essa loucura).
Em termos de classificação terminei em 18º lugar em cerca de 130 participantes a solo, com 234 km’s, o que não foi nada mau.



O percurso deste ano tinha algumas diferenças face a 2008, com maior dificuldade técnica e física, dado que meteram dois singletracks um bocado complicados, mas em compensação tiraram a parte das escadas perto do Restaurante da Luneta dos Quartéis. No essencial era um percurso de XC, um pouco mais longo do que o habitual, e sem aquelas subidas muito longas e inclinadas, dado que se trata de uma prova de resistência, se bem que a dureza dos percursos somos nós que a fazemos, com o ritmo que impomos.


Jarbas na parte nocturna da prova

Gostava de deixar os agradecimentos habituais ao pessoal do BTZ Mação e de Santarém pelo apoio dado, ao pessoal da Bikezone Santarém por serem mais do que os meus “dealers” e pelas luzes, ao João Almeida por ter sido um “coach” e “druida” de alto nível dado que levou a coisa tão a sério como se fosse ele a participar, ao pessoal que compartilhou o acampamento comigo (acima indicados) pelo apoio e encorajamento que foram dando ao longo da prova e à família do Jarbas pelo belo almoço de domingo.
Finalmente gostava de dedicar a minha prestação nesta prova ao Tutu e à Nê, que muita inspiração e força me têm dado nos últimos meses.

7 de Junho – Borda da Ribeira – Rota dos Mouros

Técnica para todos

Como é habitual o BTZ Mação esteve presente em mais uma edição da Rota dos Mouros organizada pela Associação da Borda da Ribeira.

Este ano marcaram presença o Velhinho, Chefe de Fila, Orlando e eu.
Em representação do BTZ Mulher esteve a Anita.

Anita em mais uma aparição pelo BTZ Mação

A organização prometia um percurso com cerca de 40 km’s muito técnico, o que nos espicaçou mais para estarmos presentes, pois assim que ouvimos falar em singletracks ficámos logo galvanizados.

Chefe de fila na primeira descida interessante do passeio
O dia amanheceu a ameaçar chuva, coisa perfeitamente normal em Junho. Mas felizmente acabou por não chover, o que nos facilitou a vida, pois alguns dos locais onde passámos poderiam ficar bastante perigosos, caso tivesse chovido.
Sempre a demonstrar a habitual classe

Para compensar a partida foi atrasada, pois ao que parecia alguns dos inscritos ainda não tinham chegado á hora marcada, o que permitiu a alguns de nós tomar um pequeno-almoço reforçado, pois a organização colocou à disposição pão e presunto (da região, ou seja, do bom).
Finalmente lá partimos, com o Chefe de Fila a sair que nem uma bala na liderança do “passeio”.
Eu, o Velhinho e o Orlando seguimos juntos na primeira subida, ainda em alcatrão.
Quando finalmente entrámos no trilho, formámos um grupo, juntamente com o Sérgio Breites e mais um participante.
Chefe de Fila numa das zonas técnicas do percurso

A primeira descida em trilho mais técnica foi brutal, pois aquilo não era sequer um caminho e acabava com umas rochas e um drop. Muito porreiro…
Só com uma roda é mais difícil...

Depois entrávamos num singletrack que nos levava novamente para a aldeia, sempre junto às hortas e depois de passarmos a estrada e a ponte a caminho da Louriceira, andávamos literalmente dentro das hortas a dar cabo das culturas agrícolas de alguns velhotes.
A entrada e saída na Louriceira tinha algo em comum, era a subir, e com uma inclinação do caraças.
Orlando numa das suas "raras" aparições nos passeios da região

Na subida comecei a ver o Chefe de fila, o que me pareceu estranho, mas depois quando o apanhei fiquei a saber que se tinha perdido no primeiro singletrack.
Após a subida passávamos entre dois montes de pedra e depois numa descida em singletrack, absolutamente espectacular.
Eu numa das zonas mais espectaculares do percurso
Velhinho na perseguição ao duo da frente do BTZ
O que é isto???? A pé??? Um escândalo (vejam a foto seguinte)
As mulheres do BTZ a mostrar como se faz...

A descida levava-nos até junto da Ribeira do Codes, onde, o Chefe de Fila, eu e um gajo de Abrantes apanhámos mais alguns locais fortemente técnicos (onde tive o prazer de mandar um tralho do caraças, felizmente sem sequelas), algum terreno por desbravar, atravessamento de Ribeira, etc.
Nesta altura ocorreram duas coisas pouco habituais: problemas técnicos (com um dos manípulos das mudanças) e atalhanço.
Anita na passagem do Codes...

O problema técnico levou a que tivesse de fazer mais de 20 km’s só com as mudanças mais pesadas, o que dava bastante jeito a subir. Acho que nunca tinha feito tanta subida a pé.
O atalhanço foi causado pelo grande problema deste passeio, as marcações do percurso. Ao que consta o Sérgio e o Velhinho ainda nos chamaram, mas nós não ouvimos nada.
Mas o atalhanço correu bem pois no final de uma subida um bocado inclinada apanhámos novamente o trilho correcto, em direcção à aldeia de Lousa.
Anita numa das partes técnicas do passeio

O percurso que nos levaria até Água Formosa, ainda tinha a passagem de uma represa um bocado perigosa, e um singletrack aberto propositadamente para o passeio.

Chefe de Fila à chegada a Água Formosa

Água Formosa é das aldeias mais bonitas da região, pois todas as casas estão devidamente recuperadas e em xisto (de cuja rota das aldeias faz parte).


Velhinho na chegada ao abastecimento em Água Formosa

Até esta subida era difícil

No abastecimento indicaram-nos que éramos os primeiros a passar por lá, o que nos pareceu estranho, mas na altura ainda não sabíamos do atalhanço.
Seguimos depois para um singletrack brutal, que segue junto à Ribeira da Galega, até à aldeia de Vilar Chão. Foi das zonas mais porreiras do percurso.
Depois seguimos por estradão até mais um singletrack feito em sentido inverso ao habitual a caminho da zona da Chão de Lopes Pequeno.

Comentários para quê...

Para variar de tanto singletrack apanhámos alguns estradões largos e quer permitiam andar bastante rápido, e que nos levavam novamente para Borda da Ribeira.

Antes de chegar a Borda da Ribeira, mais um singletrack e mais umas falhas na marcação, o que nos fez chegar ao final do passeio de forma um bocado surpreendente.
Um pouco depois chegava o Orlando que tinha feito uma volta completamente alternativa, dado que no Codes resolveu cortar para a zona do Monte Cimeiro.
Finalmente chegou o Agostinho, com o Sérgio e outro participante, tendo o atraso sido atribuído ao facto de terem feito na íntegra o percurso. Mas ainda tiveram de voltar umas quantas vezes para trás, pois as marcações eram insuficientes.

Calma, isto é só técnica, não houve queda...

O almoço foi de alto nível com um lombo de porco no forno tão bom quanto os singletracks…

O balanço final foi positivo, pois este é um percurso relativamente perto de Mação e com zonas técnicas como nós ainda não temos disponíveis no nosso concelho, tendo algumas sido criadas especialmente para este passeio.
O aspecto negativo foi a marcação do percurso que não era a mais adequada e que acaba sempre por deixar o pessoal chateado.