quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Um atleta contra uma calçada - Maratona Internacional de Idanha-a-Nova - 8 de Maio de 2010

Uma semana após a aventura na Serra o BTZ Mação tinha mais um desafio marcado, o regresso a Idanha-a-Nova, para a Maratona Internacional de Idanha.

Como já se começa a tornar habitual, os restantes membros do BTZ inscritos para esta prova acabaram por não marcar presença, pelo que me cabia a mim defender o clube.

De Samora Correia marcaram presença o José Carlos, o Hugo e o Tiago “King”, pelo que menos ao início tinha companhia.

A minha motivação para regressar a esta maratona era o de conseguir à terceira tentativa fazer a calçada romana de Idanha-a-Nova em cima da bike. Entretanto tinha 100 km’s pela frente, para fazer o “aquecimento”.
Esse aquecimento tinha o aliciante de ter belos trilhos e paisagens espectaculares, como só Idanha tem.

O início da maratona era feito pela calçada, mas a descer, para inspeccionar o “petisco” final que teríamos pela frente.
O tempo estava a ameaçar chuva, o que é estranho em Maio, e ainda me lembro do calor que apanhámos das duas vezes anteriores em que participámos nesta maratona.

Logo nos primeiros km’s, ainda no alcatrão, começou a chover, o que me deixou apreensivo, pois fazer 100 km’s a chuva não seria nada agradável.
Felizmente que a chuvada foi passageira.
No início não acompanhei o ritmo do Hugo, que ainda seguiu comigo até à entrada no trilho.

Logo de início pretendia seguir de forma mais calma, mas tinha como objectivo um tempo a rondar as 6h de prova.
A caminho da Zimbreira comecei a aumentar o ritmo, dado que o terreno era mais plano e dava para meter a talega durante grande parte do percurso. Infelizmente não consegui apanhar nenhum grupo que tivesse um ritmo interessante, ou apanhava pessoal a andar demasiado devagar ou depressa.

Depois da Zimbreira metemos direitos a Segura, com um percurso mais acidentado, a fazer lembrar-me a segunda edição desta maratona (mas em sentido inverso).

A passagem por Segura para mim foi rápida, dado que não parei no abastecimento, mas lembrei-me da última vez que ali tinha passado, com um calor terrível.
Por isso vai de descer para o Rio Erges, para apanhar o singletrack….

O singletrack do Erges merecia que se dedicasse um post.
Mas um post com uns 7 ou 8 km’s………

O início do singletrack era conhecido, técnico com muita pedra, e com muito pessoal a desmontar.
Foi pena, pois nalgumas zonas onde podia ter passado na bike, tive de passar a pé.
Após a zona técnica entrámos numa zona que não conhecia, sempre ao longo de uma vedação, em que bastava embalar e aproveitar a fluidez do trilho para seguir a boa velocidade.

O singletrack acabava após umas descidas muito inclinadas e com a passagem de uma ribeira, onde ia mandando um tralho dos grandes, pelo facto de querer passar por cima de umas ervas bastantes altas e que escondiam umas pedras perigosamente dissimuladas.

Com o final do singletrack, começava a aproximação a Salvaterra do Extremo, e isso significava subir.
Foram umas subidas primeiro em trilho e finalmente em calçada, que deram algum trabalho, mas que me permitiram começar a recuperar algumas posições.

Voltei a não parar no abastecimento, seguindo directamente para a famosa calçada romana que nos levaria a Espanha.
A calçada é uma das descidas mais técnicas que tive o privilégio de fazer, pois nalgumas partes vamos voando de pedra para pedra. A meio da calçada apanhei o José Carlos, que seguia mais devagar, o que é estranho, pois na época dele as estradas eram bem piores que as actuais.
Esta zona é espectacular, com o Castelo de Peñafiel e o rio Erges como cenário, mas se queremos descer em segurança não dá para tirar os olhos do chão.

A subida para Zarza agora está alcatroada, parece que eles também têm o Moita Flores deles.
A meio da subida vi o Tiago que já vinha a descer em grande velocidade.
Em Zarza, parei no abastecimento, pois precisava de água para a segunda parte do percurso, pois não iria parar até ao final.

A descida, foi feita em grande velocidade em direcção a Portugal, sendo que estranhei apenas apanhar o José Carlos na parte final da descida (parte inicial da subida para ele, mas mais tarde vim a saber que tinha tido problemas mecânicos).
O percurso após a reentrada no nosso país, era novamente de estradão, com umas subidas curtas e inclinadas, mas que davam trabalho.
Nesta fase apanhei boleia com um atleta do BTTCaldas que ia num ritmo semelhante ao meu, pelo que seguimos quase sempre juntos em direcção a Toulões.

Esta parte do percurso depois de passarmos junto a umas ribeiras, voltava a ter declives menos acentuados, pelo que dava para novamente meter um ritmo certo.
Depois de Toulões, seguimos para Alcafozes, onde já tivemos uma subida de respeito, longa mas felizmente não muito inclinada.

Após a passagem em Alcafozes, dirigimo-nos para a zona da Barragem de Idanha. Felizmente que esta parte do percurso era tendencialmente a descer, o que permitiu restabelecer algumas forças para as subidas finais.

O percurso entre a Barragem e Idanha era complicado, pois tinha 2 subidas bem razoáveis antes da calçada romana.
A primeira deles começa após a passagem do Rio Ponsul, mas no lado de baixo da Barragem, após uma descida rápida e interessante pela brita que existia no estradão e que dificultava a aderência. Nessa subida deixei para trás o grupo que se tinha ido aglomerando à medida que nos aproximávamos do final.

A segunda subida, quase toda em alcatrão é bem mais curta que a anterior, mas com umas inclinações terríveis. Penso que organização nos queira preparar para a subida em calçada….

Finalmente chegava o momento tão aguardado, a subida final em calçada.
Dado que tinha recomeçado a chover, o piso estava muito escorregadio, o que podia dificultar a aderência e por conseguinte o cumprimento da missão a que me tinha proposto.

No início da calçada o grupo que havia deixado para trás voltou a recolar, pelo que segui nas primeiras rampas com algum cuidado, para não ter de desmontar por causa de outro atleta.
A partir de meio da subida, já mais confiante, comecei a aumentar o andamento, deixando quase todo o pessoal para trás. A parte final da subida custou um pouco, mesmo à entrada da povoação, mas o desafio tinha sido superado, pelo que agora era só chegar à meta rapidamente, pois a chuva começava a intensificar-se.

Cheguei ao final com 6h15m na 149ª posição, cumprindo desta forma os 2 objectivos a que me tinha proposto.

Depois foi tomar banho e almoçar, no Recinto da Feira Raiana.