Uma vez mais, e pelo terceiro ano consecutivo, o BTZ Mação esteve presente na Sertã, no Raid XL organizado pela Selindabtt.
Dia 4:
No primeiro dia a representação da equipa foi assegurada por mim e pelo João Almeida.
Este dia prometia ser o mais duro e desafiante, quer em termos de quilometragem, quer em termos de altimetria.
O percurso correspondia de forma aproximada ao percurso inverso do primeiro dia do ano anterior, pelo que na minha lembrança estava a calçada romana de Pedrógão Pequeno, que o ano passado foi feita a descer.
O início foi relativamente rápido, com o Almeida a saltar para a frente na companhia de um atleta de Pombal que acabaria por ser o primeiro a chegar ao final.
Os primeiros km’s foram quase sempre em tendência ascendente, com a passagem nas primeiras aldeias a causar os primeiros problemas de desorientação aos participantes. A cor das fitas de marcação do percurso não foi a mais feliz, pelo que nalguns pontos estas não eram muito visíveis, levando a que o pessoal andasse ligeiramente perdido.
Depois de ter finalmente aquecido lá consegui apanhar o Almeida que ia fortíssimo e seguimos sozinhos durante bastantes quilómetros.
O percurso até começarmos a descer para a barragem do Cabril, apesar de circularmos quase sempre em estradão, era bastante porreiro pois circulámos sempre em zonas arborizadas. Fez-me lembrar a minha infância em Mação, quando aquilo estava cheio de árvores.
A descida para a Barragem do Cabril foi bastante complicada devido a ter bastante pedra solta, mas por isso mesmo técnica. Uma descida à Sertã.
A zona da Barragem do Cabril é inesquecível, principalmente porque ali sentimo-nos insignificantes face à Natureza que nos rodeia.
As escarpas, o Rio Zêzere são um cenário magnífico, que contemplamos ao longo do singletrack que nos leva até ao início da calçada romana.
Com a calçada romana esquecemo-nos do cenário e começa o sofrimento.
A inclinação é brutal, acima dos 10% durante cerca de 1 km e meio, a aderência não é a ideal pelas pedras que compõem a calçada.
Devo dizer que foi uma das subidas que mais gostei de fazer nos anos que já levo de btt.
No final da calçada, no centro do Pedrógão Pequeno estava um abastecimento, onde aproveitámos para parar e reabastecer de água.
As dificuldades não tinham terminado pois ainda faltava uns 3 ou 4 km’s de subida, se bem que tivéssemos alguns pontos onde era possível descansar as pernas.
Associado à dificuldade da subida veio somar-se o calor.
Nesta subida apanhámos mais um atleta, o que nos deixou descansados, pois temíamos ser os únicos a pedalar.
No final da subida estava mais um abastecimento, que foi muito bem-vindo dado que nos permitiu hidratar, comer qualquer coisa e conversar um bocado com o participante que apanhámos, com o pessoal da organização e mais pessoal que foi aparecendo.
De acordo com o pessoal da organização, até ao final já não havia grandes dificuldades, pelo que aproveitámos as descidas, intervaladas com algumas subidas pequenas, até perto da Sertã.
Ainda tivemos a travessia de uma Ribeira que soube bastante bem, pois permitiu refrescar os pés e uma subida final, onde efectuámos um singletrack no meio de um pinhal que foi espectacular.
Depois foi só descer para a Sertã e terminar o primeiro dia.
No final aproveitámos para conversar com o pessoal da organização e o resto dos participantes que foram chegando.
Alguns deles tinha feito algumas paragens extra, nas adegas de alguns agricultores da zona, o que demonstra a hospitalidade das pessoas e o espírito dos participantes.
Após o banho, tivemos porco no espeto e cerveja para todos.
Infelizmente não pudemos estar presentes no jantar.
Dia 5:
O percurso do segundo dia era relativamente semelhante ao do ano anterior, mas um pouco mais curto, com cerca de 40km’s.
Do programa constavam os singletracks da Ribeira da Tamolha.
O BTZ Mação para este dia teve dois reforços de peso, o Velhinho e o Chefe de Fila.
Para surpresa minha esteve presente o Ricardo Figueiredo, mas que também só vi ao início e final do percurso, tal o andamento dele.
No início seguimos em grupo até às primeiras subidas, onde o Chefe de Fila resolveu puxar dos galões e dar ordem para atacar a corrida. Basicamente resumiu-se à seguinte frase: “Quem chegar ao final atrás da primeira mulher (Catarina Canha, namorada do Ricardo Figueiredo) é despedido do clube”.
Devo dizer que foi algo que não esquecerei, ver os 4 elementos do BTZ juntos nas primeiras subidas mais complicadas.
O percurso era um sobe e desce constante, e depois de algum tempo fiquei com o Velhinho num grupo onde estava o Sérgio Breites, um amigo dele e a Catarina Canha.
A aproximação á zona da Ribeira da Tamolha, este ano foi feita de forma diferente, encurtando o percurso do ano anterior.
Os singletracks da Ribeira da Tamolha são uma daquelas coisas que um bttista deveria fazer pelo menos uma vez na vida. Tenho pena de lá passar apenas uma vez por ano.
Este ano voltou a ser uma versão curta, dado que de acordo com a organização parte dos antigos singletracks terão de sofrer algumas intervenções para se tornarem novamente cicláveis.
Não me vou alongar nos comentários a esta parte do percurso, pois por mais palavras que use não vou conseguir documentar a espectacularidade do mesmo.
Se quiserem conhecer vão até lá.
O porreiro de andar num vale é de que normalmente o terreno é relativamente plano, mas para sair de lá, só há uma opção: subir.
Esta foi a parte onde me senti mais cansado, pois o amigo do Sérgio colocou um ritmo fortíssimo e fui quase sempre na ponta do elástico. Mais surpreendido fiquei quando o Velhinho voltou a alcançar o grupo, dado que tinha ficado para trás na parte mais técnica dos singletracks. O Velhinho estava com um andamento de campeão.
Mais uma foto do tal singletrack
No grupo ninguém queria dar parte de fraco, o que levava toda a gente a passar pela frente e a aumentar o andamento sempre que este parecia abrandar um pouco.
Depois de passarmos a N2 voltámos a descer, desta vez para a zona da Ribeira da Isna. Esta parte foi absolutamente espectacular com paisagens que nunca esquecerei, em especial uma parte em que passámos junto a uma ponte antiga que atravessava a Ribeira.
Sem comentários, simplesmente espectacular
Uma vez mais o Velhinho demonstrou um andamento fortíssimo, dado que ficou algumas vezes para trás, mas recuperou sempre a sua posição no grupo, onde o andamento nunca abrandou.
O final foi o tradicional, com a entrada pelo singletrack junto à ponte que dá acesso à Alameda da Carvalha.
O Filipe e o Almeida chegaram logo a seguir a nós, já a pensar na demissão do clube.
Finalmente tivemos o almoço na companhia dos amigos que connosco pedalaram e o imbatível Chamusco.
Balanço Final:
Uma vez mais a Selindabtt preparou um fim de semana de btt à séria, tendo sido estranho que este ano o Raid XL tenha tido tão poucos participantes.
É pena e a organização indicou que assim não valia a pena o esforço.
Não entendo porque é que as pessoas não aderem a este evento que é único na nossa zona, com trilhos e paisagens que não se encontram noutros lados e que são espectaculares.
Ali não há grandes preocupações com classificações, dado que a descontracção é a norma. Os pequenos-almoços, almoços e abastecimentos têm essa marca, dado que são de alto nível e compensam por si só o valor da inscrição.
Espero que para o ano continue a realizar-se o Raid XL, que lá estaremos outra vez.Poderemos ser novamente poucos, mas bons……
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