A participação neste evento já estava há bastante tempo marcada, dado que o número de inscrições era limitado e não demorou muito tempo a esgotarem (mas nada como o Portalegre).
Infelizmente fui o único membro do BTZ Mação a estar presente, dado que o resto do pessoal participou noutras provas ou andava em estágio para o Festival Bike, ou então ficaram a pastar a vaca.
Ainda assim tive a companhia de dois amigos, o Flávio e o Paulo, que são das Termas de Monfortinho e que conhecem bem aquela região.
A fase anterior à prova decorreu com normalidade, dado que o secretariado era bastante rápido.
A partida teve um pequeno atraso de 10 minutos, o que foi bastante bom, dado que estava um bocado de frio e não era propriamente agradável estar parado.
O início do percurso era soft, em estradão, saindo de Idanha-a-Nova em direcção a Proença-a-Velha.
Nesta fase segui calmamente, tentando evitar os pelotões que se iam formando, de forma a evitar confusões e seguir no meu andamento.
Após os primeiros km’s de estradão, adequados para separar o pessoal, começou verdadeiramente os Trilhos da Raia.
A primeira descida digna desse nome, para a zona da Barragem de Idanha era muito porreira, algo perigosa e que com o pó levantado pelo pessoal, não se via “quase” nada.
A zona da Barragem era um bocado desoladora, dado que o nível da água estava tão baixo, que circulámos alguns km’s em zonas que habitualmente estão submersas.
Após esta parte na albufeira da Barragem, iniciámos uma subida espectacular, não só porque era dura, como a meio ficava um singletrack.
Pouco depois finalmente encontrei o Flávio e o Paulo que seguiam também calmamente. Por pouco não os via, se não fosse o Paulo a chamar-me.
Depois desta fase seguimos em direcção a Proença-a-Velha, onde estava o primeiro abastecimento e a separação de percursos.
A chegada a Proença é brutal, com uns bons km’s em singletrack, no meio de muros de pedra, e em subida ligeira.
Aqueles singletracks feitos ao contrário devem dar uma adrenalina…
Antes do primeiro abastecimento vi uma situação inédita em anos de btt.
De repente tivemos de parar, pois um dos participantes tinha desmontado, alegando que estava com uma cãibra.
Fiquei desconfiado, dado que ter uma cãibra quando se desce é algo muito estranho, mas depois de o tipo ter encostado, deu para ver que o mais provável era ter-se assustado com umas pedras que estavam no meio do caminho.
A seguir ao abastecimento, o percurso apontou a Medelim.
Até essa aldeia, o percurso passava em zonas de eucaliptal, junto ao leito de algumas ribeiras e com um ou outro singletrack.
Medelim é uma aldeia pouco conhecida (tem forte concorrência na região) mas que parece estar bem preservada.
Após novo abastecimento, onde voltámos a parar, seguimos por um novo singletrack entre muros de pedra, novamente ligeiramente a subir.
Esta parte foi espectacular, e novamente pensava que aquilo feito a descer seria brutal.
Seguimos depois em direcção a Monsanto, novamente em estradão, em zonas agrícolas e florestais, com aqueles boulders enormes que enquadravam a nossa passagem.
Um pouco antes de Monsanto começamos uma subida tramada, longa, que acabava num singletrack espectacular, no meio de vegetação, a subir e muito técnico. Esse single depois terminava numa descida suave mas rápida.
A subida para Monsanto era a que mais receio me causava, pois esperava aquela calçada que já tinha percorrido por 2 vezes e que é um empeno tremendo.
No entanto a organização trocou-me as voltas, e seguimos por outro percurso pedestre diferente do que esperava.
No entanto a subida era também em calçada, com algumas zonas complicadas e a exigir algum empenho e técnica. Nesta parte resolvi aumentar um bocado o ritmo, e passei por bastante pessoal, inclusivamente um casal que seguia em singlespeed (nesta fase iam naquela parte pedestre do singlespeed, o que era compreensível).
Essa calçada que fizemos ia dar ao final da outra que estava à espera, e a partir daí já sabia o que me esperava, com uma subida de alto nível de dificuldade, em alcatrão e depois em calçada (após a fonte à entrada da aldeia).
A subida era longa e exigente, e a descida que se seguiu não ficou atrás.
O início da descida era no interior da aldeia, com umas curvas apertadíssimas, a exigir alguma atenção e onde se podia derrapar com fartura (algo que como muitos sabem, agrada-me).
Seguimos em direcção a uma capela perdida na encosta da aldeia de Monsanto. Até lá chegarmos, apanhámos um single brutal, a descer, com imensa pedra, e com grande exigência técnica.
Mais um abastecimento, logo após Monsanto
No abastecimento esperei pelo Flávio e pelo Paulo e depois de reteperarmos forças seguimos novamente a descer, passando numa zona espectacular, com mais um singletrack técnico (o Flávio que o diga) e depois com uma passagem por cima de uma rocha.
Um trilho brutal, com uma paisagem brutal
Após passarmos por uma aldeia, entrámos novamente em território conhecido, com um estradão entre muros que nos levaria à descida final da Idanha-a-Velha.
No início dessa descida mandei um tralho à antiga. A roda da frente da minha bike incompatibilizou-se com uma pedra. Felizmente não me aleijei, mas esfolei um bocado a pintura.
A parte final da descida para Idanha-a-Velha é rapidíssima, pois a descida tem uma inclinação bastante grande e o estradão permite seguir com segurança.
A descida final para Idanha-a-Velha
Em Idanha-a-Velha nova paragem para abastecimento.
Devo ter feito mais paragens para abastecimento nesta “prova” que no resto da temporada. Mas a organização dos Trilhos da Raia providenciaram abastecimentos de bom nível. Melhor só se tivessem enchidos, febras e entremeadas grelhadas.
De Idanha-a-Velha, seguimos em direcção à Barragem, em estradões parcialmente conhecidos e que acho espectaculares, no meio de estevas e de terreno de pastorícia.
A Albufeira da Barragem de Idanha
A Barragem de Idanha II
A descida para a zona da Barragem era conhecida, com um singletrack técnico, rápido e perigoso, que terminava com uns degraus em pedra, que me fizeram desmontar….
A zona da Albufeira da Barragem permitiu descansar um pouco para a escalada final para Idanha-a-Nova, tirando uma pequena rampa, em que um grupo de pessoal da distância mais curta estava parado.
Depois do paredão da Barragem, escalámos em pedestre uma rampa inclinadíssima, seguindo depois num singletrack a subir (quase sempre suavamente).
A escalada final
Apanhámos depois um estradão que nos levaria de volta ao trilho negro e ao final.
Junto à meta, no recinto da Feira, ainda tivemos uma zona espectáculo, onde estava algum pessoal à espera de ver umas quedas, pois havia um drop que não permitia distracções da nossa parte.
O almoço em preparação
No final da volta tivemos um belo almoço, com porco no espeto, feijão com arroz , salada e música tradicional (algo evitável).
Recinto onde decorreu o almoço
O título desta crónica procura fazer justiça a esta edição dos Trilhos da Raia, que foi para mim este ano a melhor Maratona que efectuei, pelo percurso, pelas paisagens e pela atenção aos detalhes.
Em resumo um evento feito por pessoal do BTT para pessoal do BTT.
A equipa do ACIN. Não pedalaram, mas fizeram uma grande exibição
Acho que foram os €€€€€ mais bem aplicados este ano, pois ainda trouxemos para casa um Jersey bem bonito e que se pode usar nas nossas voltas de fim de semana (ao contrário de outras maratonas, que nos cobram quase 3 vezes mais e dão-nos um Jersey que são uma vergonha).
Muitas vezes somos confrontados com passeios e maratonas de BTT que têm pouco da essência do BTT, convertidas num negócio, onde o objectivo é maximizar a receita e o lucro, sem grandes preocupações com a qualidade do percurso.
Felizmente a Associação de Cicloturismo de Idanha-a-Nova segue numa direcção oposta, apostando no aproveitamento do potencial daquela região, que é enorme e dando aos participantes no evento, um dia que dificilmente esquecerão.
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