Desta vez inicio a crónica pelos habituais agradecimentos finais, não apenas porque são merecidos, mas também porque me parece a melhor forma de começar.
Gostava de agradecer ao José Carlos pelo desafio, ao Zé Pereira e ao Sérgio pela companhia nesta aventura, ao António Machado, Miguel Machado, Joana Machado, Adelaide Gouveia, Manuela Machado e Laura da Silva pela hospitalidade e por nos terem recebido e aturado.
Sem eles esta participação na Maratona de Fafe não seria possível.
O percurso foi dos mais complicados que fiz.
A organização tinha anunciado 1.900 metros de acumulado em 80 km’s (quase ao nível das nossas voltas dos Bandos), mas no final o GPS de um amigo do José Carlos de Chaves marcava 2.400 metros de acumulado.
Os primeiros 50 km’s eram quase sempre a subir, sendo que o lema da Maratona era: “a seguir a uma subida, vem sempre uma descida”, mas deveria ter sido “a seguir a uma subida, vem sempre mais uma subida”.
Algumas subidas, para além da dificuldade física, tinham também uma forte componente técnica, o que dificultava mais a vida.
Inesquecível uma subida de 4 km’s, aos 50 km’s, com uma inclinação do c###### (unidade de medida de Mação, para quem não conhece) e que finalizava num singletrack com bastante pedras, junto a um parque éolico.
Um dos outros participante até comentou que parecia uma visita de estudo aos parques eólicos da zona de Fafe.
Foi brutal andar no cimo de uma montanha e ver a Sra. da Graça, uma das etapas míticas da Volta a Portugal em Bicicleta, uns bom metros mais abaixo de onde nos encontrávamos.
Em termos técnicos, era uma maratona de btt e não uma prova de ciclismo em estradão. Não me lembro de ter feito tantos km’s em singletrack na minha vida, e já levo 4 anos disto.
Nos últimos 30 km’s, mais de 20 foram feitos em singletracks, maioritariamente a descer, onde passávamos por cima de pedregulhos, pedras e riachos, que ligavam aldeias.
Numa frase: “assim vale a pena.”
Mas o que ficou da participação na maratona, para além das pernas doridas, foram as paisagens, simplesmente espectaculares, quer no alto das montanhas, quer nos vales, alguns dos quais com cascatas lindíssimas.
Prestação desportiva:
Dado que me encontrava a jogar fora de casa, optei por ficar à defesa, porque o percurso era exigente e a época já vai longa.
No final o balanço pode ser considerado positivo pois fiquei em 38º a cerca de 57 minutos do primeiro.
Já o Sérgio, voltou a padecer do Síndrome de Samora Correia, que parece atacar periodicamente a rapaziada do btt daquela zona e cujos sintomas são fraco andamento e tendência para preferir distâncias mais curtas (tipo meias-maratonas).
(Des)Organização:
Esta era a 2ª maratona organizada pela BTT Rinus do S.R. Cepanense, e apesar do empenho que demonstraram, existem ainda alguns pontos a rever.
Parece-me mesmo que estão ligados a algumas questões organizativas os poucos aspectos negativos desta maratona.
Começaram bem, pois escolheram um percurso excelente, apesar de que o problema deles deve ser que zonas excluir, pois devem ter excesso de oferta.
O habitual processo de levantamento de dorsais decorreu sem sobressaltos e com direito a umas meias como brinde (uma inovação ao que estamos habituados).
A partida teve direito a palavras de encorajamento do padre.
Não sei se é hábito no Norte abençoarem os masoquistas que se propõem a levar a cabo semelhante desafio, mas às vezes o BTT é uma questão de fé.
Os abastecimentos pareceram-me estar ao mais alto nível (o José Carlos que o diga) apesar de apenas ter parado no 2º abastecimento, que a fome já apertava.
As marcações do percurso estavam no geral bem feitas, com excepção de algumas zonas onde seria aconselhável colocar indicações de mudança de direcção um pouco antes dos cruzamentos.
Para azar da organização, numa zona do percurso alguém mal intencionado andou a arrancar fitas e a mudar o posicionamento de outras, o que gerou alguma confusão nos participantes.
Como é natural as queixas são sempre dirigidas aos organizadores, que apesar de não terem a culpa, deveriam ter talvez demonstrado maior flexibilidade e tentado resolver o problema com rapidez, até porque tinham algumas motas a acompanhar o percurso, que poderiam ter sido utilizadas para tentar repor a situação.
Penso que também deveriam ter sido colocadas mais algumas indicações de perigo nalguns locais, principalmente descidas, para que os participantes mais distraídos ou incautos não fossem apanhados de surpresa por descidas mais técnicas.
O almoço foi bom, mas o tempo que a organização demorou até começar a entrega de prémios e o sorteio (porque o Zé Carlos estava seguro de que iria ganhar um prémio), foi excessivo, por estarem à espera dos últimos participantes da Maratona.
Em consequência, tivemos direito a repetição da cerimónia de entrega de prémios, o que no caso das atletas femininas não foi mau.
Sempre me disseram que amigo não empata amigo e se os últimos demoram muito tempo a completar o percurso, vão treinar mais, para na próxima vez chegarem a tempo de ver os primeiros receber os prémios. Eu também já passei por isso.
Outro aspecto a rever foi a eliminação do líder da Maratona ao km 20.
O Manuel Melo, que é de Chaves e amigo do José Carlos, que na altura liderava a maratona foi “atropelado” por um motard da organização.
Resultado: foi obrigado a desistir com escoriações (levou uns quantos pontos no joelho) e com um quadro de carbono para a sucata.
O pior mesmo é que por isso não participou no Campeonato Nacional de XC em Marco de Canavezes, e quando parecia estar com um bom andamento (demonstrado também na prova da Taça em Porto de Mós a que assistimos).
Fica aqui uma palavra de encorajamento para ele.
Conclusão:
Não conheço como são habitualmente as maratonas no Norte, pelo que a minha referência são as maratonas cá de baixo.
A Maratona de Fafe foi uma boa maratona, que tem potencial para poder vir a ser uma grande maratona, ao nível das melhores em que habitualmente participamos (Portalegre, Idanha, etc).
Para o ano lá estaremos…….
Site da organização: http://www.srcepanense.com/m08/
1 comentário:
Mais uma grande reportagem!!!!....
Mas agora com algumas inovações..... sobretudo ao nível da imagem..... (o fotógrafo anda a aplicar-se...)
Em relação ao passeio... conheço alguns trilhos. Antigamente dormia lá uma vez por ano...!!!! Uma dessas noite foi passada ao lado daquela casa que fica entre as duas pedras gigantes.... nunca rapei tanto frio!!!!
É pena ser a 400 kms da nossa zona.
Mas tivemos lá um grande atleta do team!!!!!!!!!!!!!!!!
Enviar um comentário