terça-feira, 21 de abril de 2009

Trilho dos Peregrinos - 11 de Janeiro de 2009


Ainda mal o ano tinha começado e já as jornadas épicas começaram a aparecer.
Desta vez o desafio foi colocado pelo João Almeida, que embalado pelo Tróia-Sagres feito em meados de Dezembro resolveu organizar uma ida e volta a Fátima pelo Trilho dos Peregrinos.

A ida a Fátima, tem mesmo para aqueles que não são religiosos uma carga mística.
Não sei bem porquê, mas sempre associei a ida a Fátima como uma prova de resistência física e psíquica.

O Trilho dos Peregrinos é o antigo caminho de ligação entre Lisboa e Fátima, utilizado no passado por aqueles que se deslocavam a Fátima, tal como o nome indica, em peregrinação.
Hoje em dia parte desse trajecto está asfaltado e não apenas no concelho de Santarém (pois o Moita Flores converteu-se neste último ano de mandato no Alcatroador Implacável).
Por outro lado grande parte dos peregrinos segue hoje outras rotas, não apenas mais fáceis do ponto de vista do terreno, bem como da possibilidade de terem auxílio e apoio.

O pelotão que respondeu à chamada do João Almeida foi reduzido, mas qualitativamente fortíssimo.

O grupo incluía para além do mentor da volta o Nuno Lima, o Tiago e João Nunes (Nunes Brothers), José Palma, Sérgio Silva (de Samora Correia), eu e o Jorge Dinis.
A partida ocorreu praticamente de madrugada, pois no Inverno o sol tem o terrível hábito de nascer mais tarde e o pessoal de Santarém não costuma esperar por ele para começar a pedalar.

O percurso começou verdadeiramente junto à povoação de Azóia de Baixo, onde apanhámos o track de GPS e o frio que se fazia sentir. Posso apenas dizer que pedalar com temperaturas negativas não é propriamente agradável, principalmente tendo em conta o local onde estava duas horas antes.

O trilho segue depois em direcção a Advagar, onde começaram as incidências desta aventura, pois ia havendo algumas quedas provocadas pelo gelo que se acumulou na estrada à entrada desta aldeia.
Até à zona do Arneiro das Milhariças a volta decorreu de forma tranquila, pois a maior preocupação era sobreviver ao frio e ver o efeito que a geada da noite anterior produziu nos campos.
A subida ou parede que se seguiu permitiu acabar o aquecimento, mas a vista junto aos moinhos de Chã de Cima compensou o esforço.

Nesta fase da volta começámos a ficar preocupados pelos sons que se ouviam ao longe, pois parecia que estávamos em plena Faixa de Gaza sob o fogo da artilharia de Israel. Se eram caçadores na sua habitual actividade domingueira não devem ter sobrado muitos animais de caça onde eles andavam aos tiros.

O percurso após a subida era mais fácil, pois circulámos num planalto até descermos para os Olhos de Água, onde efectuámos a primeira paragem.
Depois de reunido o pelotão, pois houve pessoal que teve de aliviar peso para as subidas que se aproximavam, veio mais uma subida, daquelas tramadas, para a aldeia de Monsanto. Nunca tinha feito esta subida em trilho, mas é espectacular, difícil e longa.

Em Monsanto subimos em alcatrão pela estrada que segue para a Serra de Santo António, mas antes dos Casais da Moreta cortamos à direita e seguimos por alcatrão para o Covão do Feto.
No Covão do Feto começou mais uma subida, para a aldeia de Serra de Santo António, que é no início muito inclinada e à qual alguns elementos tentaram escapar, com aquela desculpa do GPS apontar para outro local.

A subida depois torna-se bastante suave e fácil, embora seja longa. Esta é uma parte do percurso em que saímos do Trilho dos Peregrinos, pois este não é transitável para bikes.

Voltámos a apanhar o trilho na estrada que segue da Serra de Santo António para Minde, junto ao miradouro sobre esta última.
A descida que se segue é bastante rápida e após uma curva de 180 graus entramos num singletrack espectacular (também feito o ano passado no Raid de Minde), mas perigoso, dado que o terreno tem bastante pedra e esta encontrava-se ainda molhada.

Depois da passagem por Minde, vem a subida do Covão do Coelho, que é feita inicialmente por alcatrão, mas que a meio da aldeia passa a ser feita por trilho, com muita pedra solta, que dificulta a progressão. Para compensar parece que nunca mais acaba…

Após mais esta dificuldade, reagrupámos o pelotão e seguimos, quase sempre, em terreno plano em direcção a Fátima, passando ainda por algumas aldeias, mas que não recordo o nome.

A chegada a Fátima foi marcada pela tradicional foto no Santuário, apesar aos ciclistas ser vedada a circulação dentro do recinto.
A seguir fomos de tratar de algo mais mundano, pois estávamos com fome e o Nuno Lima tinha falado numas certas sandes de presunto.
Foi um momento aproveitado para repousar e começar a pensar no regresso, dado que houve uma certa subida na zona de Minde que começou a constar do subconsciente dos presentes.

O pelotão voltou às suas montadas e vai de pedalar de volta a Santarém.
O Jorge, no entanto, achou que o percurso já efectuado de cerca de 65 km’s era suficiente para ele pelo que optou por recorrer à assistência em viagem.
O Sérgio inicialmente também pareceu necessitar da assistência, pois sentiu-se um pouco indisposto.

A parte em trilho da descida para o Covão do Coelho e Minde foi espectacular e feita sempre a fundo, com descidas com muita pedra solta a obrigarem os presentes a ter o máximo de concentração.
Na chegada a Minde começou a subida mais mítica deste Trilho dos Peregrinos. Dado que o singletrack a descer é muito complicado de fazer a subir, optámos por seguir sempre por alcatrão, e tivemos dois km’s de puro desespero.
Penso que o efeito é mais psicológico, pois é uma subida que se começa a ver ao longe e dá para ter uma noção do ganho de altitude que temos em tão curto espaço. Depois quando se está a subir, não sei o que é pior, se a inclinação, se o facto de não ter qualquer ponto onde dê para descansar ou baixar o ritmo.
Após fazermos a curva de 180 graus, onde invertemos o sentido da subida, só me lembrava do mítico Venceslau Fernandes a gritar para a filha nos Jogos Olímpicos: “Vai Vanessa, agora é só sofrer, é só sofrer até ao fim.”
Com maior ou menor dificuldade todos conseguimos superar a prova, sendo que o Sérgio só foi avistado no início e no final, pois meteu um ritmo diabólico. Felizmente que ele não se ia a sentir muito bem, senão ainda arrancava o alcatrão, inviabilizando dessa forma a passagem dos restantes elementos.

Como é habitual e mesmo com o GPS resolvemos inventar, pois já estávamos fartos de trilho negro e queríamos fazer a descida para o Covão do Feto por trilho.
Assim seguimos por uns caminhos entre muros de pedra que se vieram a revelar um dos pontos altos da volta. Foi uma descida espectacular e que proporcionou muita adrenalina, quase sempre com muita pedra solta e não só, mas sempre a fundo.

Chegados ao Covão do Feto, mais alcatrão e a possibilidade de confirmar com o Tiago que a sua Especialized Epic é realmente uma grande máquina, principalmente porque ele finalmente tinha conseguido recuperá-la das mãos do irmão João, que depois de a experimentar durante uns km’s não a queria largar.

A tendência do percurso a partir de agora seria mais descendente, o que era bom, pois muitos de nós já começávamos a acusar o cansaço, pois à passagem por Monsanto já levávamos perto de 100 km’s no lombo.

A descida para os Olhos de Água, foi também feita a abrir, sempre com o lema: “Abram alas para os Nunes”, que a descer conseguem fazer concorrência ao Lima.
No entanto, já perto do final da descida ia abalroando o Tiago, dado que um arame enfiou-se na cassete e na roda de trás e bloqueou-lhe a roda. Não sei quem ficaria pior, eu, o Tiago, a minha bike ou a dele, mas felizmente evitou-se o incidente de corrida.

Depois de retirado o arame da roda lá seguimos em direcção a Arneiro das Milhariças, sendo que desta vez a parede dos moinhos foi feita a descer. Pena que o estradão tenha muitos regos e sulcos provocados pela água das chuvas, mas ainda assim houve quem descesse aquilo de forma fortíssima.

Os últimos km’s decorreram sem grandes incidências, pois o pessoal estava já cansado e desejoso de chegar a Santarém, o que aconteceu já perto do pôr-do-sol.

Acabou por ser uma volta muito porreira em termos de percurso, sendo o único aspecto negativo o facto de parte do percurso estar alcatroado.
Os aspectos positivos são as subidas e descidas de alto nível que possui e a dureza que representa fazer cerca de 130 km’s de bike.

Finalmente à apenas a destacar o facto de o Tiago e o João Nunes, terem feito naquele dia a sua tirada mais longa de bike.

Fiquei surpreendido por nesta altura da época conseguir aguentar aquela quilometragem e de forma relativamente fácil.
Foi em resumo um dia bem passado, na companhia de amigos e a pedalar.

Obrigado João, pelo desafio.

domingo, 12 de abril de 2009

Mação - 4 de Janeiro de 2009

Uma das primeiras voltas de btt do ano foi feita em Mação, com o Filipe e o Agostinho.
Foi um dia para descobrir uns trilhos novos e uma nova subidao ao Bando de Codes, que será revisitada quando o terreno secar.

Mais do que os comentários (até porque já pouco me lembro das incidências da volta) ficam as fotos.
No entanto, gostava de deixar a advertência aos leitores, pois algumas imagens podem ferir a susceptibilidade bttística dos mais sensíveis (e já irão perceber porquê):
O Velhinho no Bando de Codes

O Bando de Santos visto do Bando de Codes, junto à subido do Presunto

Uma vez mais o Bando de Santos


O Chefe de fila a descer o Bando de Codes, sempre a fundo!!!

O Velhinho a mostrar sempre a sua classe, não admira que já tenha uma legião de fãs


O Bando de Codes também merece uma foto

O Chefe de Fila agora na subida para o Bando de Santos

Vista no alto do Bando de Santos

Vista no alto do Bando de Santos (II)

A esta hora devem estar a perguntar se seriam as imagens dos Bandos que feririam a susceptibilidade de alguém. Pois devem achar que temos um "fetiche" com aquelas Serras.
A verdade é que as subidas aos Bandos já deixaram muita gente KO.
Mas para acabar com o suspense, e caso não tenham reparado nas fotos do Chefe de Fila, aqui fica a sua nova máquina de 2009:

Ainda aí pessoal a gastar rios de $$$$ a comprar bikes, quando podem ter um maquinão destes.
E garanto-vos que esta máquina tinha um sistema em que quando se travava a bike aumentava de velocidade.

2008 - O balanço da temporada do BTZ Mação


No final do ano (ignorem que este post está a ser feito em Abril) impõe se fazer um balanço, desta que foi a primeira temporada com alguma exposição mediática do BTZ, quanto mais não seja pela criação do blog e pelos jerseys.
Anteriormente ninguém sabia quem nós erámos, e hoje em dia, há que o dizer, ainda poucos sabem. Mas isso irá mudar.

Penso que falo em nome de todos os membros do BTZ Mação quando considero esta época como tendo sido positiva.
Ao nível do clube foi um ano muito importante, por duas razões.
Primeiro porque fizemos algumas contratações de enorme qualidade como o João Almeida e o Seabra.
Segundo porque finalmente conseguimos arranjar uns jerseys em condições, que nos permitem representar de forma condigna o clube.

Ao nível competitivo, tendo em atenção o amadorismo que grassa no BTZ, os “atletas” do clube estiveram em bom plano.
O ponto alto da temporada foi uma vez mais o Portalegre 100, pois quase todos os elementos da equipa apontam para essa prova um dos “pico” de forma.
O Chefe de Fila conseguiu, na sua primeira aparição na Meia Maratona, efectuar um lugar nos 100 primeiros (93º), eu fiz 179º e o Velhinho 507º. Não fosse o infortúnio do Orlando e teríamos os quatro terminado a missão a que nos propuséramos.
Na Sertã, desta vez foi o Velhinho que esteve ao mais alto nível, conseguindo terminar em 7º lugar (após uma celebre reclamação com a organização e a sabotagem do pedaleiro XTR do Chefe-de-fila).
O Orlando apostou em 2008 em Serpa e a mítica ultra-maratona de 160 km, onde conseguiu resistir ao massacre que representa fazer essa distância em btt.
O João Almeida após ter sido contratado no Verão mostrou que os membros mais velhos da equipa são os mais rijos e fez dois eventos míticos, ambos em trilho negro, a Estrela na Estrela e o Tróia Sagres (o mais difícil de sempre devido às condições atmosféricas).
Eu como é habitual efectuei um bom final de época, com boas classificações em Óbidos (46º) e Ponte de Sôr (19º).

Finalmente há que referir os membros do clube que passam o ano todo praticamente sem andar de bike, competindo isso sim nas actividades nocturnas, onde são verdadeiros campeões.
Mas não vou referir nomes, nem acusar ninguém, pois eles são bons naquilo que fazem.

Em relação ao meu ano de 2008, ainda me recordo da forma como começou e que a melhor prenda de aniversário que tive foi o início da fisioterapia.
Foi um passo muito importante na minha recuperação e apenas posso deixar um agradecimento à fisioterapeuta Catarina que me torturou em 25 suaves prestações e à restante equipa de fisioterapia do Hospital CUF Descobertas.

Foi um ano muito preenchido, no que ao btt diz respeito.
Consegui finalmente concretizar alguns desafios, dos quais destaco a primeira prova de 24H integrado na mítica equipa do BTT Trilhos da Lezíria (com o José Carlos, o Sérgio e o José Pereira) e aquele que para mim foi o maior de todos, a Rota das Aldeias Históricas (em que o Sérgio também participou).

No entanto, o mais importante, foi a possibilidade de pedalar novamente na companhia de grandes amigos, que vão desde o pessoal de Mação, de Santarém e Samora Correia.
Sinto-me um privilegiado em poder compartilhar os trilhos com todos vós, e fica o sentido agradecimento a todos sem excepção.